Ano sabático é sonho de consumo! Quem não quer? Um tempo pra descansar a cabeça, curtir e repensar a vida, viajar pelo mundo? Sem pressão, sem aquele trabalho que te deixa pra baixo, sem pensar em “fazer dinheiro”? Mas você sabe exatamente o que é, e como fazer pra tirar o seu??? Consegue pensar nesse “sonho” de forma realista pra tirá-lo do “papel”? Eu tive um “meio” ano sabático e vou contar minha experiência…
Preciso te dizer que – originalmente (segundo a tradição hebraica), o “ano sabático” é um período de descanso para a terra, que acontece de sete em sete anos. Ou seja: seis anos de cultivo da terra e o sétimo dedicado à recuperação do solo. Esse modo de contar é seguido no judaísmo semana a semana. Seis dias de trabalho e um de descanso; o “sabá” (shabat em hebraico), ou sábado. Ficou fácil pensar no que esse “tempo” significa pra nós? Significa descansar do cultivo diário da profissão e da rotina. Se recuperar do estresse da vida moderna. Mas não são férias ok? São 12 meses de afastamento das funções profissionais de costume, mas que podem ser usados para algum projeto de vida. É uma bela oportunidade de crescimento pessoal e profissional, que pode ou não incluir viagens.

Blur Life 1975 via Shutterstock
Um exemplo é o que fez a jornalista Elizabeth Gilbert, autora do best-seller “Comer, Rezar, Amar” – que virou filme (particularmente prefiro o livro!). Ela estava com quase trinta anos e tinha tudo o que sempre quis: marido, casa, carreira. Ao invés de estar feliz, sentia-se confusa. Enfrentou o divórcio, demitiu-se, e partiu sozinha viajando! Tirar um ano sabático é isso: se dar tempo para sentir em qual direção seguir quando voltar – ainda que não tenha a menor ideia de qual seja! É dar voz à intuição e se voltar para o seu “interior”, entrando em contato com coisas que possam te inspirar (culturas, livros, pessoas…).
Mas e o dinheiro pra tudo isso?
Pois é. Na prática não é tão simples sair por aí, ou mesmo ficar em casa pensando na vida certo? Diferente das férias, o ano sabático não está previsto na lei trabalhista, as empresas não são obrigadas a conceder, e não tem remuneração! Mas calma… Você pode não conseguir ficar um ano todo “fora”, mas que tal meio??? Tentar um período sabático ao invés de um ano pode ajudar a torná-lo real. Pé no chão ok?
É questão de escolha. E toda escolha tem ganhos e perdas. O melhor a fazer é se planejar para ficar com os ganhos. Economizar é fundamental!!! Afinal, como ficar um período (qualquer que seja ele) sem trabalhar? Contar com o companheiro e/ou família ajuda. Talvez valha a pena tentar o apoio da empresa! Vai que ela decide financiar o sabático ou garantir sua vaga na volta? Só prestenção: é melhor apresentar um projeto, comprovando como sua ausência pode ser benéfica profissionalmente.
Outra coisa é respeitar seu tempo. Está estressada demais? Desmotivada? Perdida? Será que não é a hora certa? Não é agir por impulso, mas não deixar a bolha estourar. Se planejar antes que seja tarde. Antes de ter um bornout. Lembra da história da terra? Se ela não descansar, quem garante que continua produtiva?
Meu meio/quase ano sabático: como aconteceu comigo
Surtei!!! Brincadeira… Quase isso. Estava extremamente cansada por tentar conciliar de forma perfeita a vida de mãe (de dois), casa e carreira. Ajudava o fato de que, além de jornalista, eu era uma mãe-blogueira e “tinha que” estar 24 horas conectada, respondendo comentários, postando a vida materna. E tinha perdido um job fixo, o que me pressionava em busca de uma nova renda estável.
A ideia de parar com tudo vinha e voltava, mas a decisão foi em novembro. Só que não foi assim: “não vou mais trabalhar”. E nem parei com tudo! Apenas decidi que iria me dar um período sabático do blog e do que ele trazia. E estabeleci que – dali por diante – iria me dedicar ao que trouxesse mais benefícios do que culpa.
Comecei em janeiro de 2017. Não sabia quanto tempo iria durar, e se ia durar. Durou. 10 meses. Quatro sem trabalhar, três meses em novos trabalhos (e testando até uma nova ocupação), e mais três formatando o que senti ser o meu “norte”. Não fiquei de pernas para o ar, não viajei (pois é!), e nem vivi sem preocupações (tenho dois filhos!). Mas pude rever decisões, cuidar da mente, entender onde eu estava e para onde eu deveria ir. Consegui escutar minha intuição (que antes sentia como se estivesse obstruída). Estudar assuntos que queria. Passei ainda por um processo de direcionamento profissional, sobre o qual vou falar depois! E conclui que terei outros sabáticos! Que tal um “de verdade”?
Enfim…
Vários são os motivos que levam as pessoas a tirar um ano ou um período sabático! Mas é sempre algo relacionado à insatisfação pessoal ou profissional – embora eu ache que deveríamos fazer isso sem que (ou antes que) a insatisfação surja!
Na minha opinião, é essencial não criar muita expectativa ou fantasias sobre “aquele sabático das redes sociais”. E é essencial encarar esse tempo como uma chance para se redescobrir! Se entregar – dentro da sua realidade – é a chave para que enxergue alternativas. Novas atividades que saciem suas frustrações, novas opiniões, outras posturas. Para que você descubra (ou confirme) o que pode ou deve ser feito dali em diante. Para que se reconecte com você! Ta aí… Pra mim, a palavra que ficou é essa: reconectar. Com você!!! =)
Legal isso!! Estava aqui querendo raspar a cabeça e entrar em um ano sabático, mas nem sabia o que era direito. Na verdade acho que vivi um ano sabático, quase dois e nem sabia. Casei em Nov/15, pedi uma licença sem vencimento e me mudei para Áustria com meus filhos e o novo esposo que é Austríaco. Fiquei de fevereiro de 16 até dezembro de 2017 sem trabalho, me dedicando a minha espiritualidade e a língua alemã. Rsrs, realmente foram quase dois anos de crescimento, mas como no livro q vc citou, queria ir pra Índia ainda pra completar este tempo, mas preciso fazer um dinheiro antes. Quanto minha licença, vou renovar ou pedir demissão, ou se tudo descarrilar, o que não parece que vá acontecer, voltar pro Brasil. Enfim, venho compartilhar contigo esse Insight que tive ao ler seu texto. Obrigada!!